FALHAS NA PULVERIZAÇÃO COMPROMETEM CONTROLE DA HELICOVERPA ARMIGERA (REVISTA CAMPO&NEGÓCIOS ABRIL/2015).

FALHAS NA PULVERIZAÇÃO COMPROMETEM CONTROLE DA HELICOVERPA ARMIGERA

REVISTA CAMPO&NEGÓCIOS HORTIFRÚTI (ABRIL/2015).


Engº Agrº Manoel Ibrain Lobo Junior
Consultor em Tecnologia de Aplicação
Auditor GlobalGAP IFA
lobo@pulverizador.com.br


Há cerca de 40 anos atrás, as quantidades de ingredientes ativos aplicados nas diversas culturas comerciais giravam entre 3.000 gramas a 4.000 gramas (três a quatro quilos) por hectare de cultura tratada.


Goiás Verde Agrícola - Brasfrigo (Luziânia/Cristalina - Goiás): Desenvolvimento de novas técnicas e tecnologias para as aplicações de produtos fitossanitários em baixos volumes na cultura do Tomate Industrial.

Em função da forte atuação sustentável das empresas fabricantes nacionais e estrangeiras de produtos fitossanitários, do alto nível de tecnologia empregada no desenvolvimento de novas moléculas e dos elevados valores investidos nessas novas tecnologias, atualmente na maior parte dos tratamentos as quantidades médias de ingredientes ativos estão entre as doses de 02 (duas) gramas até 80 (oitenta) gramas aplicadas por hectare.


Os Reflexos


Essa redução nas doses de ingredientes ativos aplicados nas culturas e, de certa forma também no meio ambiente, possibilitaram menores impactos ambientais, porém os produtos fitossanitários tornaram-se muito mais técnicos, necessitando cada vez mais de novas técnicas de aplicação, mais eficientes e mais seguras, pois as quantidades aplicadas são mínimas e os produtos são muito mais concentrados.

Por exemplo, um defensivo agrícola com ação de contato aplicado em hortaliças objetivando o controle de lagartas (inseticida), na dose do ingrediente ativo por hectare de 04 (quatro) gramas, caso seja aplicado por pulverizadores terrestres, normalmente será solubilizado em um volume entre 70 a 100 litros de água. Caso seja aplicado por aeronaves agrícolas, esse volume de água (veículo) será ainda mais reduzido, entre 10 a 15 litros por hectare.

Se acaso os equipamentos aplicadores (pulverizador ou avião) não forem devidamente regulados e calibrados e, se as técnicas e os bicos/atomizadores produtores de gotas não forem corretamente selecionados, são grandes os riscos dessa aplicação em hortaliças não conseguir o sucesso esperado no controle químico dos alvos biológicos.



Fazenda Mandaguari (Uberlândia - Minas Gerais): Desenvolvimento de novas técnicas e tecnologias para as aplicações de produtos fitossanitários em baixos volumes nas culturas do Alho e da Cebola.



Fazenda Mandaguari (Uberlândia - Minas Gerais): Equipagem do pulverizador autopropelido Uniport 3030 com pontas de jato tipo cone vazio KGF JCV objetivando a correta seleção de tamanhos de gotas para o controle do Trips (Cultura do Alho/Cebola).



Fazenda Mandaguari (Uberlândia - Minas Gerais): A correta seleção dos tamanhos de gotas aproveitáveis da pulverização levou em consideração os volumes de calda a serem aplicados, a velocidade operacional do Uniport 3030, as condições meteorológicas, a localização dos alvos, o estágio fisiológico das culturas do Alho e da Cebola, dentre outros.


Interferência


Muitos fatores intrínsecos interferem na qualidade da tecnologia de aplicação dos defensivos agrícolas. 

Uma “boa pulverização” é baseada na correta seleção dos tamanhos de gotas a serem produzidas, que serão definidas levando-se em consideração os tipos e a localização dos alvos biológicos, os volumes de aplicação, estágio de desenvolvimento das culturas alvo, condições meteorológicas dos locais das aplicações, classes e modos de ação dos produtos a serem aplicados, dentre outros fatores.




Sekita Agronegócios (São Gotardo - Minas Gerais): Desenvolvimento de novas técnicas e tecnologias para as aplicações de produtos fitossanitários em baixos volumes na cultura da Cenoura.


É fato que não existem “produtos ruins”, “produtos fitossanitários que não funcionam”, desde que sejam adquiridos de empresas idôneas e corretamente posicionados. 

Em mais de 90% dos casos, quando acontecem as “falhas nos controles químicos/biológicos” nas culturas, as causas são certamente ocasionadas pelas incorretas técnicas empregadas.


Helicoverpa


No caso da lagarta Helicoverpa como também no caso de outras lagartas comumente encontradas em hortaliças com arquitetura foliar adensada, em função dos hábitos de movimentação e localização, existe a necessidade de serem produzidas e depositadas gotas com classificação de tamanhos “finas e muito finas” nas folhas dos baixeiros (entre o período de 10:00 as 14:00).

Através da realização de testes comparativos em campo, utilizando papeis sensíveis como indicadores de deposição de gotas, é possível visualizar a maior eficiência das gotas finas e muito finas de atingirem os alvos localizados nos baixeiros (terço inferior) das plantas adensadas na cultura do Tomate Industrial.


Goiás Verde Agrícola - Brasfrigo (Luziânia/Cristalina - Goiás): Equipagem do pulverizador autopropelido Uniport 3000 com pontas de jato tipo cone vazio KGF JCV objetivando a correta seleção de tamanhos de gotas para o controle de insetos localizados no terço inferior das plantas adensadas (baixeiro) na cultura do Tomate Industrial.


Se acaso essas gotas muito finas, com diâmetros semelhantes ao de um fio de cabelo ou de um fio de linha de costura (80 a 120 micra) não forem “protegidas” por um bom adjuvante de calda “anti-evaporante” (óleos minerais, vegetais, organo-siliconados, glicerinados, lecitinados, etc), serão rapidamente consumidas pelas altas temperaturas e baixas umidades relativas, perdendo rapidamente seus tamanhos, ficando mais leves, com menores velocidades de queda e mais suscetíveis às rajadas de vento (perdas pela deriva).


Volumes Aplicados


Muitos produtores de hortaliças ainda utilizam altos volumes de calda (acima de 200 litros por hectare) objetivando maiores pressões operacionais, maiores velocidades e menores gotas, objetivando atingirem as lagartas nos baixeiros, porém, quanto maior o volume de água aplicado, menor será a concentração do ingrediente ativo nas gotas produzidas que estarão atingindo os alvos.

Através de trabalhos práticos em campo, foi possível constatar uma maior eficiência dos inseticidas quando aplicados em menores volumes de calda (70 a 100 litros por hectare). É fato que as gotas produzidas que atingiram os alvos “carregavam” maiores quantidades de ingredientes ativos, dessa forma essas gotas foram mais efetivas no controle dos insetos alvos.


Sekita Agronegócios (São Gotardo - Minas Gerais): Desenvolvimento de novas técnicas e tecnologias para as aplicações de produtos fitossanitários em baixos volumes nas culturas do Alho e da Cebola.


Além de serem observados em campo que volumes de 100 litros (de água) por hectare foram mais efetivos que volumes de 200 litros nas aplicações de inseticidas, é importante citar também uma certa relação entre as menores velocidades operacionais com as maiores eficiências nas deposições de gotas com classificação de gotas finas e muitos finas nas folhas localizadas nos terços inferiores das culturas adensadas.

Nas fotos abaixo, trabalhos práticos de desenvolvimento de novas técnicas e tecnologias para as aplicações de produtos fitossanitários em baixos volumes na cultura da Cenoura realizados na Fazenda Mandaguari (Uberlândia - Minas Gerais).


Equipagem do pulverizador autopropelido John Deere 4730 com pontas de jato tipo cone vazio KGF JCV nas vazões 01 (Azul), 015 (Marrom), 02 (Preto) e 03 (Laranja), objetivando a correta seleção de tamanhos de gotas para o controle de insetos na cultura da Cenoura.


Foto abaixo, o pulverizador autopropelido Uniport 3030 em ação na Fazenda Mandaguari (Uberlândia - Minas Gerais).


Nas fotos abaixo, os papeis sensíveis à água (Syngenta) coletores de gotas das pulverizações, posicionados no solo da cultura da Cenoura, nas linhas e entre linhas, objetivando a análise da deposição, densidade e porcentagem de cobertura sobre os alvos.





Em uma recomendação técnica e planejada para serem utilizados menores volumes de calda, é importante ficar muito claro que somente será reduzido o volume da água aplicada (somente a água como o veículo). 

SEMPRE devemos obedecer à risca as recomendações de doses de produtos fitossanitários recomendadas pelas empresas nacionais e estrangeiras.


Pulverização Ideal


Atualmente, as melhores pontas (bicos) de pulverização para as aplicações de inseticidas são aquelas que produzirão gotas finas com tamanhos homogêneos (100 a 150 micra). 

É importante lembrar que essas gotas muito finas (pequenas), em condições meteorológicas adversas, são rapidamente consumidas pela baixa umidade relativa do ar e dessa forma tornam-se muito suscetíveis às perdas pela evaporação e deriva (rajadas de vento).

As pontas comumente utilizadas para a produção dessas gotas são as de jato plano simples convencional, jato plano duplo convencional e de jato tipo cone vazio ou cheio.

Recomendo, na maior parte dos casos, as pontas de jato tipo cone vazio. 

Essas pontas, produzindo gotas finas em turbulência, conseguirão excelente deposição de gotas nos baixeiros das plantas adensadas, desde que a altura de liberação (distância entre os bicos e o topo da cultura fechada) esteja entre 30 a 40 cm.


Na foto acima, a eficiente ponta (bico) de pulverização de jato tipo cone vazio KGF JVC (8003 - Laranja). Essa ponta em determinada pressão e volume estará produzindo gotas com classificação de tamanhos "finas para muito finas", selecionadas corretamente para atingirem alvos localizados nos terços inferiores das plantas adensadas (baixeiros das plantas).


É importante a barra de pulverização estar bastante próxima ao topo das plantas pois nessa técnica de produção de gotas finas em alta turbulência, os riscos de perdas pela deriva são grandes (acima de 50%). 

Essas gotas muito finas necessariamente deverão ser “protegidas” por bons adjuvantes de calda “anti-evaporantes”, “redutores de deriva”.

A característica da ponta de jato tipo cone vazio é produzir gotas finas homogêneas em turbulência, com grande capacidade de penetração nas folhas localizadas nos baixeiros das plantas adensadas. 

Será muito importante, para a garantia do sucesso nessas aplicações, o posicionamento dos produtos adjuvantes “protetores de gotas” e condicionadores hídricos (pH entre 5 e 6) nas aplicações de inseticidas e fungicidas.

Agradecimentos especiais às competentes Jornalistas Miriam Lins Caetano e Luize Hess, excelentes profissionais da conceituada Revista Campo&Negócios, por toda a atenção e pela grande oportunidade em poder colaborar com essa matéria técnica, publicada por essa importante revista da área agrícola.


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